sexta-feira, 19 de abril de 2024

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A voz do Bom Pastor (IVDTPB)

                                                             

A voz do Bom Pastor

“Eu sou o Bom Pastor. Conheço as minhas ovelhas,
e elas me conhecem,  assim como o Pai me conhece
e Eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas.”
(Jo 10, 14-15)

Com a Liturgia do 4º Domingo da Páscoa (ano B), celebramos o dia do Bom Pastor, que é Jesus Cristo, como vemos evocado pelo Profeta Ezequiel (Ez 34).

Na passagem da primeira Leitura (At 4, 8-12), os discípulos são testemunhas do Ressuscitado, com o selo do Espírito Santo, que garante o êxito no aparente fracasso da Cruz por Jesus proposto, de modo que nada pode calar nem parar a missão da Igreja, porque o Espírito Santo está com ela, e é Ele quem anima nessa missão e dá coragem para o enfrentamento das oposições pelas forças de opressão que recusam esta Proposta.

É missão da Igreja comunicar ao mundo a Salvação que vem somente de Jesus, cabe aos discípulos levar esta Proposta libertadora a todos.

Jesus é a pedra base deste Projeto de vida nova e plena, e os discípulos são testemunhas desta salvação que Ele vem nos oferecer.

Há muito que ser feito ainda para que a Boa-Nova do Reino seja anunciada e vejamos sinais de uma nova realidade, porque ainda vemos genocídios, atos bárbaros de terrorismo, guerras religiosas, o avassalador capitalismo selvagem e suas vítimas multiplicadas.

Assim como foi com Pedro, hoje a Igreja precisa ter um anúncio corajoso e coerente, acompanhado do testemunho, confiante na presença do Espírito de Jesus Ressuscitado, e assim, nos momentos de crise, desânimo ou frustração, tomar consciência desta presença amorosa, que renova a nossa esperança para o necessário testemunho da fé n’Ele.

Com a passagem da segunda Leitura (1Jo 3,1-2), refletimos sobre nossa filiação divina e a exigência, portanto, de viver conforme esta filiação: uma vida cristã autêntica, marcada pela vivência dos Mandamentos divinos, em esforço contínuo na procura da perfeita coerência entre o que se crê e o que se vive.

Refletimos sobre a bondade, a ternura, a misericórdia e o amor que Deus tem para conosco, e a possibilidade de alcançarmos a vida eterna, contemplando a face de Deus: para alcançar a meta da vida definitiva, é preciso escutar o chamamento de Deus, acolhendo o dom que Ele nos oferece, e vivendo de acordo com a vida nova proposta.

Na passagem do Evangelho (Jo 10,11-18), temos a apresentação de Jesus como o Bom Pastor, num contexto de polêmica entre Jesus e alguns líderes judaicos (principalmente os fariseus):

“Jesus denuncia a forma como esses líderes tratam o povo: eles estão apenas interessados em proteger os seus interesses pessoais e usam o povo em benefício próprio: são, pois ‘ladrões e salteadores’ (Jo 10,1.8.10) que se apossam de algo que não lhes pertence e roubam ao seu povo qualquer possibilidade de vida e de libertação”. (1)

Jesus, ao contrário dos líderes de Seu tempo, é um Pastor diferente e único: ama e entrega Sua vida por amor ao rebanho, generosamente.

As ovelhas somos nós, que experimentamos este amor destinado a todos universalmente e incondicionalmente. Este amor nos faz semelhante a Deus, pois, quando amamos, nos assemelhamos a Deus, porque Deus é amor.

Jesus, o Bom Pastor, conhece a cada um de nós, conhece e nos chama pelo nome. Conhece nossos medos, angústias e frustrações. Cuida de cada um de nós com admirável e indizível amor. 

Jesus é o Bom Pastor do rebanho porque  "Ele não está apenas interessado em cumprir o contrato, mas em fazer com que as ovelhas tenham vida e se sintam felizes. A Sua prioridade é o bem das ovelhas que lhe foram confiadas. Por isso, Ele arrisca tudo em benefício do rebanho e está até, disposto a dar a própria vida por essas ovelhas que ama. N’Ele as ovelhas podem confiar, pois sabem que Ele não defende interesses pessoais, mas os interesses de Seu rebanho” (2).

Nosso Pastor por excelência é Jesus Cristo, mas precisamos ter cuidado com outros “pastores”, que nos arrastam e condicionam nossas escolhas.

Reflitamos:

- O que nos conduz e condiciona as nossas opções?
- Jesus Cristo é de fato o nosso Bom Pastor?
- Conhecemos e somos atentos à voz do Bom Pastor?


A Liturgia do Bom Pastor é propícia para rezarmos a Jesus, o Bom Pastor, para que nos envie pastores segundo o Seu coração; que sejam Seus imitadores, em absoluta e incondicional fidelidade, com mesmos pensamentos e sentimentos.

Rezemos pelo Papa e por todos aqueles que conduzem a Igreja, para que, conduzidos pelo Espírito, sejam para o rebanho a Voz do Bom Pastor, e também para que o rebanho não se perca por falta de pastores, ouvindo Sua Voz e procurando viver no zelo e fidelidade ao Senhor: 

“A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua messe (Lc 10, 2).

Renovemos a alegria de pertencermos ao rebanho do Senhor, pois Ele nos conduz aos verdes prados e água cristalina, pois Deus nos ama e quer sempre o melhor para nós. Entretanto, Ele também quer o melhor de nós, pois nos ofereceu, por amor, o que de melhor possuía: Seu próprio Filho, que do Pai nos enviou o Espírito, para que órfãos e abandonados não ficássemos, e amados nos sintamos e para sempre o sejamos.

Atentos ao apelo do Papa, construamos uma Igreja em saída, ao encontro das ovelhas feridas e distantes, que ainda não tiveram a graça de ouvir a Palavra do Bom Pastor e de Sua Igreja:

Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só Pastor.” (Jo 10, 16)

Que a Voz do Bom Pastor, a Voz do Amado, penetre nossos ouvidos e alcance as entranhas de nosso coração, para que jamais nos afastemos de Seu rebanho.


Santo Expedito: Mártir do Senhor

      
   
Santo Expedito: Mártir do Senhor 

Santo Expedito, cuja Memória celebramos no dia 19 de abril, antes de sua conversão (final do séc. III), tinha vida devassa. Era comandante-chefe da XII Legião Romana, aquartelada na Cidade de Militene. 

Quando estava para se converter, apareceu-lhe um espírito mal, na forma de um corvo, grasnando crás que em latim significa “amanhã”, mas esse grande Santo pisoteou o corvo, bradando “Hodie”, que significa “hoje”, confirmando sua urgente conversão. 

Por isto, em uma das mãos, sustenta uma palma e uma cruz, que ostenta em letras visíveis  “Hodie”, em referência ao episódio do espírito do mal, que surgiu para adiar sua conversão; e calca com o pé, vitorioso, um corvo que se consome. 

As imagens de Santo Expedito o apresentam com traje legionário, vestido com túnica curta e de manto jogado militarmente atrás de espáduas com postura marcial. Cristão convertido, foi vítima, assim como toda a sua tropa, da ira do Imperador Diocleciano. 

A importância de seu posto fazia dele um alvo especial do ódio do imperador. Foi flagelado até sangrar e depois decapitado pela espada. 

Recorre-se a Santo Expedito, as pessoas com problemas urgentes e de difícil solução; e também é considerado protetor dos militares, estudantes, jovens e viajantes. 

Aprendemos com ele, que a conversão é quotidiana, e não programada para um amanhã. 

Todos precisamos de conversão e ela tem que ser hoje! 

Urge o empenho para que vivamos a vida nova dos filhos e filhas de Deus. 

Imitemos sua coragem, coerência no testemunho da fé até as últimas consequências, ainda que não tenhamos que chegar ao ato extremo do martírio a que foi submetido.  

Oremos:

“Ó Deus Pai, com os Anjos, Santos e Santas e com toda a Igreja,
Eu Vos louvo e bendigo pelo Seu amor
E pelas maravilhas que realizais.
 
Eu Te peço:
que pela força do testemunho
de fé de Santo Expedito
eu não caia na tentação de deixar a
minha conversão para amanhã,
 
Mas que eu seja perseverante na fé, hoje e sempre,
Em todas as circunstâncias e em todo o lugar.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo..." Amém!

O fascinante encontro com o Ressuscitado

                                                              

O fascinante encontro com o Ressuscitado

Na sexta-feira da 3ª semana do Tempo da Páscoa, ouvimos a passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 9,1-20).

O “nascimento” de Paulo para o cristianismo, como testemunha e enviado de Jesus Cristo acontece nas dores do parto da Igreja primitiva, que sai das estruturas e instituições judaicas para se aventurar nas estradas do mundo dos povos.

Paulo não conviveu pessoalmente com Jesus de Nazaré, não participou das Suas idas e vindas missionárias pela Judeia, Galileia e Samaria, não presenciou nenhum milagre realizado por Ele.

Mas, a partir daquela inesquecível interpelação, quando se dirigia a Damasco: "Saulo, Saulo, por que me persegues?", sentiu-se abraçado por Jesus, a ponto de fazer sua opção radical por Ele: "que queres que eu faça?" (At 9, 4-6).

A experiência de Damasco (cerca de 200 km de Jerusalém) foi decisiva em determinar a direção de seu pensamento.

A “conversão” é descrita em Atos 9, 1-30; 22-5-16; 26,9-18.

Paulo fez uma experiência interna da verdade de Jesus. Ele experimentou dentro dele mesmo, por graça de Deus, que Jesus existia, estava vivo e não era uma fraude. 

Algo muito forte aconteceu na vida e Paulo naquele momento. Ele sentiu por dentro a presença de Jesus e a Ele entregou-se. Não tinha outro jeito. Ali estava Jesus vivo! O Messias vindo de Nazaré, enviando-o a anunciar o Evangelho aos pagãos.

Ser discípulo (a) nasce pelo fascínio do encontro pessoal com Cristo ressuscitado, e São Paulo aparece como modelo ímpar de apóstolo no amor e no seguimento de Jesus.

A experiência do encontro pessoal com Cristo tocou fundo a pessoa de Paulo, provocando nele a “conversão” e o compromisso inadiável com o anúncio explícito do Evangelho: "Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho" (1Cor 9, 16).

Desde aquele momento, Paulo pôs todas as suas energias a serviço exclusivo de Jesus Cristo e de Seu Evangelho: ele se definirá como: "Apóstolo por vocação" (Rm 1, 1; 1Cor 1, 1); "Apóstolo por vontade de Deus" (2Cor 1, 1; Ef 1, 1; Cl 1, 1), um Apóstolo que quer "fazer-se tudo a todos", sem reservas (1Cor 9, 22).

Em sua primeira pregação, encontrou a hostilidade dos judeus, que o perseguiram pelo resto de sua vida; então foi considerado, e o seria a seguir: o grande renegado.

Foi provavelmente depois de sua fuga de Damasco que retornou a Jerusalém pela primeira vez, desde sua partida como perseguidor dos cristãos, e ali encontrou os Apóstolos (Gl 1,18-19).

Paulo o “convertido” torna-se protótipo e pregador da conversão diante dos judeus e dos pagãos. Desse momento em diante, ele passa para o campo dos que são perseguidos e ameaçados de morte por causa da fé em Jesus Cristo.

Nesse contexto se explica a tentativa de linchamento por parte dos judeus no templo de Jerusalém: “É por isso que os judeus me perseguiram e tentaram matar-me” (At 26,21). 

Paulo, o “perseguidor” dos seguidores de Jesus, se torna o “perseguido” por parte dos judeus, e ele mesmo diz:

“Sou agradecido para com Aquele que me deu força, Cristo Jesus, Nosso Senhor, que me julgou fiel, tomando-me para o Seu serviço, a mim que outrora era blasfemo, perseguidor e insolente. Mas, obtive misericórdia, porque agi por ignorância, na incredulidade. Superabundou, porém, para mim, a graça de Nosso Senhor, com a fé e o amor que há em Cristo Jesus” (1Tm 1,12-14).

Portanto, a graça na teologia paulina é expressão da doação, ação, benefícios concedidos em transbordamento; gera e edifica.

Tenhamos também nós a "fineza paulina", na conquista das almas e dos corações. Olhemos para Paulo e procuremos reproduzir em nossa ação evangelizadora o que ele confessa:

"De modo nenhum considero a minha vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu leve a bom termo a minha carreira e realize o ministério que recebi do Senhor Jesus: Testemunhar a Boa-Nova da graça de Deus" (At 20,24).

A madeira e o Madeiro

                                                                         

A madeira e o Madeiro

Com um dos Sermões do Diácono Santo Efrém (séc. IV),  contemplamos o admirável Amor de Deus por nós, testemunhado pela fidelidade de Seu Filho, na comunhão do Espírito.

“Nosso Senhor foi calcado pela morte, mas por Sua vez, esmagou-a como quem soca com os pés o pó da estrada. Sujeitou-Se à morte e aceitou-a voluntariamente, para destruir aquela morte que não queria morrer.

Nosso Senhor saiu para o Calvário, carregando a Cruz, para satisfazer as exigências da morte; mas ao soltar um brado do alto da Cruz, fez sair os mortos dos sepulcros, vencendo a oposição da morte.

A divindade ocultou-se sob a humanidade e assim aproximou-se da morte, que matou, mas também foi morta. A morte matou a vida natural e, por sua vez, foi morta pela vida sobrenatural. A morte não poderia devorá-Lo se não tivesse um corpo, nem o inferno tragá-Lo se não tivesse carne.

Foi por isso que desceu ao seio de uma Virgem para tomar um corpo que O conduzisse à mansão dos mortos. Com o corpo que assumira, lá entrou para destruir suas riquezas e arruinar seus tesouros.

A morte foi ao encontro de Eva, a mãe de todos os viventes. Ela é como uma vinha cuja cerca foi aberta pela morte, por meio das próprias mãos de Eva, para que pudesse provar de seus frutos.

Então, Eva, mãe de todos os viventes, tornou-se fonte da morte para todos os viventes.

Floresceu, porém, Maria, a nova videira, em lugar de Eva, a antiga videira; nela habitou Cristo, a nova vida, a fim de que, ao aproximar-se a morte com sua habitual segurança para alimentar a fome devoradora, encontrasse ali escondida no seu fruto mortal, a Vida destruidora da morte.

Quando, pois, a morte engoliu sem temor o fruto mortal, Ele libertou a vida e com ela, multidões. O Admirável Filho do carpinteiro, que levou Sua Cruz até os abismos da morte que tudo devoravam, também levou o gênero humano para a morada da vida.

E uma vez que o gênero humano, por causa de uma árvore, tinha se precipitado no reino das sombras, sobre outra árvore passou para o reino da vida.

Na mesma árvore em que fora enxertado um fruto amargo, foi enxertado um fruto doce, para que reconheçamos o Senhor a quem criatura alguma pode resistir.

Glória a Vós, que lançastes a Cruz como uma ponte sobre a morte, para que através dela as almas possam passar da região da morte para a vida!

Glória a Vós, que assumistes um corpo de homem mortal, para transformá-Lo em fonte de vida para todos os mortais! Vós que viveis para sempre!

Aqueles que Vos mataram, trataram Vossa vida como os agricultores: enterraram-Na como o grão de trigo; mas Ela ressuscitou e, junto com Ela, fez ressurgir uma multidão de seres humanos.

Vinde, ofereçamos o grande e universal sacrifício do nosso amor. Entoemos com grande alegria cânticos e orações Àquele que Se ofereceu a Deus no sacrifício da Cruz, para nos enriquecer por meio dela com a abundância de Seus dons”.


Verdadeiramente a Cruz de Cristo é salvação para todo o gênero humano!

Contemplemos José e o Menino Jesus...
O jovem Jesus trabalhando ao seu lado. O Filho do carpinteiro aprendendo com Seu pai adotivo o manejar das ferramentas, o labor com a madeira. A primeira casa, a primeira barca, a primeira cadeira, a primeira mesa...

Martelos, pregos, madeira na mão, algo novo nascendo das mãos do Salvador que Se fez criança, homem, assumindo nossa corporeidade, humanidade.

Contemplemos o Menino Jesus na carpintaria, na oficina de José:
Pregos, madeira... Ali martelando, pregando,  a criação continuando.

Contemplemos Jesus, verdadeiramente homem, verdadeiramente Deus, no Calvário, lá no alto da Cruz: Pregos, madeiro... Ali sendo crucificado e o mundo redimindo.

Contemplemos Jesus, Vivo e Ressuscitado, sentado à direita de Deus, a quem elevamos toda a honra, glória, poder e louvor.

Da contemplação ao compromisso de amor e fidelidade a Ele, o mesmo ontem, hoje e sempre. Amém. Aleluia! 

Que o Presbítero seja Sinal do Cristo Bom Pastor! (IVDTPB)

Que o Presbítero seja Sinal do Cristo Bom Pastor

A Igreja precisa de Presbíteros com características muito próprias para o exercício Ministerial neste tempo de pós-modernidade.


Deste modo, o padre será:


- um “padre elementar’; vivendo no contexto mudança de época, inflamado pelo fogo devorador do Amor de Deus, que sacia a sua sede na Fonte das fontes, Jesus; 
 
- um Homem da Palavra e de palavra, homem da imersão e da emersão, que imerge no Mistério da Trindade e da Eucaristia e emerge Alimentado para então saciar a fome do Rebanho que Deus lhe confiou;
 
- aquele que assume a missão de ser Profeta e Poeta do Reino; com um coração indiviso, por Cristo seduzido, um coração semelhante aos mais Belos Corações: de Jesus e de Maria;
 
- cheio de ternura no acolhimento das pessoas, sabendo cativar e cultivar; 
 
- discípulo e missionário com o coração ardente e pés a caminho, na fidelidade plena a Jesus;
 
- que trilha o caminho da Santidade e solidariedade;
 
- um Homem da Mesa da Comunhão e da comunhão das mesas; da pregação e do testemunho;
 
- um homem que com dignidade e serenidade, enfrenta as luzes e as sombras que desafiam seu Ministério Presbiteral, vivendo a Caridade como plenitude da Lei;
 
- que sabe que sem paixão não há discipulado, por isso reaprende a cada dia com o Apóstolo Paulo a fortalecer os Pilares da Comunidade (Palavra, Pão, Caridade e Missão);
 
- um homem sensível, sobretudo, na hora mais difícil de seu Ministério, a morte, porque crê no Ressuscitado e sabe que Deus tem sempre a última Palavra, buscando as coisas do alto (Cf. Cl 3);
 
- que entende sua missão como um eterno santificar e santificar-se, como uma missão de sonhos e compromissos.
 
Enfim, marcado pela devoção Mariana, para que seja sempre um homem Padre e um Padre homem feliz, inseparavelmente; um Padre feliz que faz a comunidade feliz. Tão somente assim, sua vida será plena de sentido. Amém.
 

“Morramos...” (IVDTPB)

                                                            

  “Morramos...” 

Morramos como grãos de trigo no campo da Igreja...
Morramos como grãos de trigo...
Morramos...

Sejamos enriquecidos por esta reflexão que o Missal Dominical nos oferece para aprofundamento da Liturgia do IV Domingo da Páscoa, Dia do Bom Pastor:

“Cabe aqui uma consideração a respeito do rebanho, isto é, da comunidade e de cada um dos que creem; não devem eles unicamente ser exigentes com seus pastores, como magistério, com a Igreja como instituição (o que corresponde à correção fraterna); devem também sentir e manifestar-lhes seu profundo amor, impregnado de franqueza, caridade e obediência.

Ao lado do Espírito de crítica e de rebelião, que grassa mesmo no seio da Igreja, não faltam os testemunhos. O cardeal Newman, que se tornou católico por devoção à Igreja, vê-se, em certo momento, impedido de trabalhar pela própria Igreja.

Menosprezado pelos protestantes, mal interpretado por muitos católicos, olhado com desconfiança por certos bispos, suspeito de heresia, carregou sua cruz com paciência heroica, até o momento em que pôde retomar a atividade apostólica que era o objetivo de sua vida.

"Será necessário superarmos a nós mesmos, morrendo como grãozinhos de trigo no campo da Igreja, em lugar de morrermos como revolucionários diante de suas portas" (K. Rahner).

São exaltados, na reflexão, o valor e a beleza da exigência e da criticidade para com os pastores que cuidam do rebanho, mas também exaltadas as atitudes que devem impregnar a vida do rebanho, como o amor, a franqueza, a caridade e a obediência.

A criticidade e a exigência para com os pastores serão sempre bem-vindas, mas feitas com caridade e numa relação de lealdade e transparência. A mesma postura também será exigida dos pastores em relação ao rebanho, sem a qual, não serão ouvidos, e se ouvidos, o serão pelo medo e não pela relação de amor, maturidade e fraternidade que deve construir com o rebanho.

Atitudes que devem ser vividas também entre o próprio rebanho; entre aqueles que conduzem as Pastorais, quer coordenando, quer coordenados...

A ausência destas atitudes, a saber: criticidade com caridade, lealdade acompanhada da caridade, obediência acompanhada do desejo de se colocar no caminho do crescimento e amadurecimento, muitas vezes leva ao desânimo, afastamento, esfriamento, esmorecimento, cansaço, falta de horizontes, desculpas multiplicadas, forças subtraídas, experiências negativadas somadas, comunidade dividida: falta da liberdade nas coisas possíveis, enfraquecimento da unidade necessária, e esfriamento da caridade que, acima de tudo, há de sempre estar...

Deste modo, a afirmação de K. Rahner é providencialíssima e oportuna:

"Será necessário superarmos a nós mesmos, morrendo como grãozinhos de trigo no campo da Igreja, em lugar de morrermos como revolucionários diante de suas portas".

Bem sabemos que nossa Igreja é santa e pecadora. Por isto iniciamos a Santa Missa confessando nossos pecados diante da misericórdia de Deus e também reconhecemos nossas limitações e imperfeições ao rezar o Prefácio da Oração Eucarística V:

“E a nós, que agora estamos reunidos e somos povo santo e pecador, dai força para construirmos juntos o Vosso Reino que também é nosso”.

Na fidelidade ao Cristo Bom Pastor, renovemos a alegria de pertencermos a Igreja e façamos nossa declaração de amor a Jesus, que nos confiou o cuidado do Seu rebanho, ainda que não mereçamos.

Jamais nos extraviemos do rebanho. Importa darmos o melhor de nós, para que nenhuma ovelha se perca, e também saibamos ir ao encontro das ovelhas extraviadas.

Não nos acomodemos por sermos e pertencermos ao rebanho, pois seremos cobrados por aquela que se extraviou e que o Senhor jamais se esqueceu ou desprezou, conforme vemos na Parábola da Misericórdia (Lc 15).

Dai-nos Senhor a docilidade necessária.
Afastai de nós toda rebeldia inútil e estéril.
Fazei-nos membros apaixonados e vivos do
Seu amado e querido rebanho. 

Morramos como grãos de trigo no campo da Igreja,
Morramos como grãos de trigo.
Morramos!

Fecundemos um mundo novo!
Semeemos o essencial: amor, verdade, justiça, liberdade...
Frutifiquemos! Glorifiquemos! Ressuscitemos!

Amemos e sigamos o Bom Pastor, por amor a Ele, 
amando Sua Igreja.

Eis a grande revolução:
Amar e um mundo novo construir,
gerado pelo e no Coração que nos acolheu,
fez-nos nascer e nos alimentou.
Amém. Aleluia!

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